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Antes que a guerra comece

11 de março de 2022
Em Crônicas
IMAGEM: FREEPIK

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Segunda-feira, vinte e um de fevereiro de 2022. Pouco mais das onze horas da noite. Duas pessoas ao celular: o homem na Zona Leste; a mulher na zona Oeste.

Ela:

─ Estou com medo de que haja uma  terceira guerra mundial agora, Adilson.  Imagine você que eu sonhei na noite passada que Putin tinha invadido a Ucrânia, pelo lado… daquelas repúblicas separatistas, sabe? A Rússia disparava muuuuuuuiiiiiiiiiitas ogivas  nucleares na Ucrânia.  Depois a Rússia tinha sido atacada pelos Estados Unidos, pela França, Inglaterra. E o Brasil tinha declarado guerra à Ucrânia. ─  a voz agora embargada, quase chorando.

Adilson, com o celular na mesa em  viva-voz:

─ Seu sonho foi um pesadelo, na verdade. Mas não se aflija, Mariana. Não vai ter guerra.  Quer dizer, pode ser que tenha uma guerra. E depois,  se houvesse a invasão à Ucrânia, provavelmente a Rússia usaria  os blindados, soldados e talvez os mísseis . Os blindados russos e ucranianos poderiam desencadear um encontro sangrento. Mas não haveria um conflito com armas nucleares. Não vejo assim.

─ Mas eu te falei que foi um sonho.

─ Eu sei, mas só estou ponderando. E depois a gente…

─ Mas você me falou que a Rússia tem mais de seis mil ogivas nucleares. Você acha que a Rússia vai deixar esse arsenal todo guardadinho? Vai que o Putin resolva usá-las, Adilson.

─ Bem… acho que eles só usariam num conflito maior, do tipo de uma ação de revide dos países da OTAN atacando a Rússia. Aí a Rússia poderia disparar essas armas. Mas isso se Putin não tiver apenas blefando por agora.

─ Mas pode ser que ele não esteja blefando, Adilson! E isso pode… pode se tornar em uma guerra, um… um..

─ Um conflito no mínimo no continente europeu. Aliás, a Primeira Guerra Mundial começou com uma guerrinha que seria rápida, de poucos dias. Aquele lance lá: Império Austro-Húngaro invadindo a Sérvia. E zás! A guerra que seria rápida, mas…

─ Durou quatro anos.

─ Exato, minha querida!

─ Então, Adilson! Tem chances de uma guerra de proporções mundiais. Já pensou se o mundo acabar por agora por causa de ataques nucleares?  No meu sonho… quase todo o planeta estava sendo devastado por bombas nucleares.

─ Tem chances não. Quer dizer, pode ter uma guerra sim.  Mas entre esses dois países. Acho que o Estados Unidos, a própria OTAN não querem entrar numa guerra. ─ fez uma pausa para ouvir a matéria da TV. Apurou a atenção para notícia. Silêncio de quase um minuto.

─ Adilson?

─ Vixi. A Rússia está movimentando tropas em direção à Ucrânia, pelas províncias de Donetsk e Luhansk. Vi agora   na televisão. Desculpe-me a demora, Mari. Eu estava apreensivo aqui vendo a notícia na TV.

─ Adilson. Tô com medo de que comece uma guerra sem proporções agora…Terceira Guerra… e acabe  sobrando consequências para nós, para o nosso país, sabe? Lembra do que Bolsonaro disse lá na Rússia que ele era solidário ao Putin? Estou tensa, Adilson. Venha aqui? Que tal você vir agora aqui?  A gente toma uma birita. Uísque, vinho…menos vodca, claro! O fim do mundo está chegando, Adilson!. ─ deu uma risadinha faceira.

─  Hummm!  Já está tão tarde.

─ Tá não.  Amanhã é que pode ser tarde. Venha, Adilson! Sabe aquela farofinha que você gosta? Eu faço. A gente toma umas biritas, petisca a farofa.

─ Eu tenho  toucinho com pele aqui.

─ Você traz.  Eu faço os torresmos.  Cê vem? Vamos gozar a vida enquanto pode, Adilson!

Adilson lembrou-se de um poema de Gregório de Matos.  Empostou a voz e declamou:

─ “Goza, goza da flor da mocidade,

Que o tempo trota a toda ligeireza,

E imprime em toda flor sua pisada.

Oh, não aguardes, que a madura idade

Te converta essa flor, essa beleza,

Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.”

─ Uhu! Que lindo, meu poeta. Venha! Vamos gozar enquanto podemos!

─ Claro!  Clarooooo!!

─ Cê vem?

─ Vou. E levo o toucinho para você fazer aquele torresminho, aquela farofinha que só você sabe fazer.

─ Beleza! A gente bebe… et cetera  e tal e depois rezaremos  pedindo a Deus a paz entre Rússia e Ucrânia…

─ Não! A  gente reza antes porque depois  a gente estará…

─ Acho melhor depois…

Pausa. Ambos ficaram pensando se o fato de adiarem a oração seria como o comportamento da OTAN ou da ONU que estão demorando em tomar uma ação mais efetiva para evitar a guerra.

Vald Ribeiro

(vald@palavras1.com.br)

Tags: políticasociedadevald ribeiro
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Comentários 1

  1. Carlos Dontoventi says:
    3 meses ago

    kkkkkkkkkkk Eu imagino o interesse da moça para que o Adilson fosse na casa dela! Nem precisa imaginar. A personagem já disse tudo: “Vamos Gozar?”

    Responder

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